Publicado por: Adelina Mezzari (Professora na Faculdade de Farmácia da UFRGS e professora na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) - Brasil); Liane Tarouco (Professora Titular, orientadora no Programa de Pós Graduação em Informática na Educação Centro Interdisciplinar de Novas Tecnologias na Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Brasil); Ana Marli Bulegon (Doutora no Programa de Pós Graduação em Informática na Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Brasil); Rute Vera Maria Fávero (Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Brasil); Bárbara Ávila (Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Informática na Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Brasil); Geraldo Machado(Professor de Metodologia da Pesquisa do Departamento de Ciências da Informação da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasil).
O mundo globalizado trouxe mudanças significativas no que tange aos requisitos para ingresso no mercado de trabalho atual. O trabalhador, neste novo cenário, deve ser um sujeito criativo, crítico e pensante, preparado para agir e se adaptar rapidamente às mudanças dessa nova sociedade, atualizando-se constantemente. As tecnologias da informação e da comunicação (TICs) mudaram a forma de interação entre os indivíduos, tornando a Comunicação Mediada por Computador (CMC) como uma forma de contato permanente, independentemente da existência de barreiras geográficas e/ou temporais entre os mesmos. As TICs também proporcionaram um espaço de ensino e aprendizagem continuada e, neste contexto, a educação vem sofrendo uma série de mudanças em seus paradigmas, onde o conhecimento não é mais compartilhado somente em espaços limitados e com grupos selecionados, mas também pode ser difundido através da web, extrapolando a rede de contatos estabelecida no ambiente escolar.
Nos ambientes de aprendizagem informatizados são disponibilizadas diversos recursos que permitem o estabelecimento da comunicação virtual, tais como Fóruns, Chats, e-mail, diários de bordo, etc. Tais ferramentas propiciam que o processo de construção de conhecimento venha a se consolidar através de situações de ensino e aprendizagem calcadas num diálogo entre professor, tutores e colegas. Pesquisas apontam que o contato permanente entre alunos e professores nos ambientes virtuais tendem a manter nestes espaços uma referência de sala de aula, o que vem a incentivar a participação do estudante perante as atividades propostas.
O crescimento da Educação a Distância (EAD) no Brasil tem sido fomentado a partir da ampliação de acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Segundo a ABED (2013) 179 instituições ofereciam curso a distância em 2011. A quantidade de alunos matriculados no Brasil, passou de cerca de 500.000 em 2009 para mais de 3.500.000 em 2011. Entretanto, apesar do crescimento expressivo que se observa de buscas por esta modalidade de ensino, as altas taxas de evasão ainda têm sido uma constante preocupação para aqueles que buscam adotá-la em suas instituições de ensino. Tendo em vista tal problemática, o presente trabalho dedica-se a investigar possíveis causas da ocorrência de evasão em cursos EAD. Para tentar minimizar esta realidade, torna-se necessário investigar e elicitar os fatores mais estreitamente relacionados com o desempenho acadêmico do estudante de EAD e, em particular, com casos de evasão. A partir de tais investigações, torna-se possível delinear um conjunto de estratégias pedagógicas capazes de motivar a participação do estudante em cursos de EAD, o que virá, consequentemente, a incentivar a sua permanência nos mesmos, reduzindo as altas taxas de evasão encontradas nesta modalidade de ensino.
Além da investigação a partir de referências de outros trabalhos sobre o mesmo tema, foi desenvolvido um estudo usando dados derivados das atividades em um curso a distância para formação de professores em serviço. Este estudo e a pesquisa realizada visaram a diagnosticar as causas da evasão e buscar indicadores que possibilitem identificar precocemente situações que contribuam para a sua ocorrência. A análise dos registros das atividades no curso também avaliou as estratégias de comunicação mediada por computador buscando detectar indícios de risco de evasão, bem como identificar fatores relevantes que levam a tal situação.
A metodologia adotada nesta pesquisa buscou avaliar o comportamento observável derivado da participação de alunos e tutores no uso da ferramenta fórum. O curso visava a oferecer formação continuada para capacitar professores da educação básica no uso das Mídias em atividades pedagógicas. O curso teve duração de oito meses, sendo o fórum a principal ferramenta de interação entre tutores e estudantes. Inicialmente o estudo buscou validar alguns indicadores de desempenho propostos por Araújo e Lucena (2005) e que descrevem índices originalmente propostos por Losada (1999) para uso na avaliação de desempenho de equipes de alta performance: os Tipos de Interação (TI), representam o sentido ou direção das interações no fórum, horizontal ou vertical. A participação horizontal é aquela dirigida de aluno para aluno, de aluno para todos e do professor para todos os alunos; os Tipos de Participação e Comunicação (TPC): A) o aluno não contribui para a discussão em pauta, B) somente responde a alguma pergunta do professor, C) resposta questionadora com dilemas, alternativas e solicita posicionamentos, D) debate, comenta contribuições anteriores com propriedade, responde questionamento de colegas, contra-argumenta, E) a contribuição é sintetizadora onde ajusta, adapta e elabora parecer conclusivo. O indicador TPC é obtido dividindo a soma do totais de participações to tipo C,D,E pela soma das participações to tipo A,B. Neste índice, espera-se que quanto maior o TPC, maior será a construção do conhecimento pois são as contribuições do tipo C, D e E que evidenciam indícios de pensamento crítico; e a Taxa entre Manifestações Positivas e Negativas (P/N), o indicador P/N é definido pela relação entre manifestações que evidenciam Positividade (P) e as que evidenciam negatividade (N). Como positivas são consideradas frases ou orações com características como saudação inicial ou final, sugestões para correções de problemas, respostas, contribuições, perguntas com ações positivas, otimismo, elogios e sinais de aprendizagem com a ferramenta. Como negativas são consideradas frases ou orações relacionadas a ações negativas, problemas sem vontade ou possibilidade de resolvê-los, pessimismo, juízos negativos, cinismo, desconhecimento da participação anterior do colega. Buscou-se identificar dentre estes indicadores situações que permitissem detectar estilos de participação característicos de alunos com maior probabilidade de evasão. O curso iniciou com 235 alunos. Deste total, 107 não concluíram, resultando uma taxa de evasão de 47%. Com os alunos que desistiram do curso foi feito contato por telefone e e-mail para identificar os motivos que levaram à evasão.
A partir dos dados levantados foi possível concluir que a taxa de postagens por aluno pode ser usada como indicador para predizer a probabilidade de evasão, pois na maioria das turmas constatou-se elevada correlação tanto entre o total de postagens e a evasão quanto entre o total de postagens significativas e a evasão. Dessa forma, a quantidade de contribuições, seja do tipo significativa ou não, pode servir como um indicador precoce de probabilidade de evasão. Ou seja, os alunos que não contribuem no fórum são os mais propensos à evasão e um trabalho remediador, de atenção especial por parte do tutor ou mesmo pela coordenação do curso deve ser realizado com vistas a realinhar o aluno para uma direção diferente daquela que leva ao abandono do curso. O aluno que percebe a atenção da equipe na sua atuação sente-se mais motivado a priorizar o curso frente às múltiplas ocupações que demandam seu tempo. As questões sócio afetivas têm profundo impacto no desempenho acadêmico conforme descrito por Fredrickson (1998) cujo trabalho serviu de base para os índices propostos por Losada (1999).
Cabe salientar que na investigação de outros fatores que pudessem influenciar o desempenho das turmas, com taxa de evasão mais alta e mais baixa foi analisado o eventual impacto das condições econômicas da região. Porém, constatou-se que a renda per capita no município de onde eram provenientes a maioria dos estudantes da turma com maior índice de evasão (64%) era 4 vezes a renda per capita do município que sediava a turma que teve a menor evasão ( 28%).
A relação entre as manifestações positivas e negativas (P/N) e a taxa de evasão mostram uma correlação negativa com valor de -0,166. Como em todas as turmas a relação P/N foi superior à 2,9013 (o valor definido como limiar por Losada), estes resultados nos permitem concluir que, uma vez superada a taxa crítica de positividade e negatividade, valores mais elevados na relação P/N não têm grande efeito correspondente na taxa de evasão.
Uma vez que a quantidade e a qualidade de postagens pelos alunos não mostrou ser um bom indicador para predizer a probabilidade de evasão foram então analisadas as postagens dos tutores. Os valores para a correlação entre total de postagens instigadoras foram maiores do que no caso de postagens em geral o que salienta a importância de que o tutor procure permear sua participação no fórum com questões instigadoras que incitem os alunos à reflexão e à participação ativa, conforme já foi também enfatizado por So & Brusch (2008) e por Mazzolini & Madison (2007). O estilo de participação do tutor tem grande influência não apenas no resultado em termos de aprendizagem como também contribui para reduzir a evasão. Quanto mais o tutor se fizer presente no fórum maior será a qualidade da aprendizagem e menor a taxa de evasão, percebendo-se neste estudo que a participação com questões instigadoras teve mais impacto na redução da evasão do que de outros tipos de participação.
Nos ambientes de aprendizagem informatizados são disponibilizadas diversos recursos que permitem o estabelecimento da comunicação virtual, tais como Fóruns, Chats, e-mail, diários de bordo, etc. Tais ferramentas propiciam que o processo de construção de conhecimento venha a se consolidar através de situações de ensino e aprendizagem calcadas num diálogo entre professor, tutores e colegas. Pesquisas apontam que o contato permanente entre alunos e professores nos ambientes virtuais tendem a manter nestes espaços uma referência de sala de aula, o que vem a incentivar a participação do estudante perante as atividades propostas.
O crescimento da Educação a Distância (EAD) no Brasil tem sido fomentado a partir da ampliação de acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Segundo a ABED (2013) 179 instituições ofereciam curso a distância em 2011. A quantidade de alunos matriculados no Brasil, passou de cerca de 500.000 em 2009 para mais de 3.500.000 em 2011. Entretanto, apesar do crescimento expressivo que se observa de buscas por esta modalidade de ensino, as altas taxas de evasão ainda têm sido uma constante preocupação para aqueles que buscam adotá-la em suas instituições de ensino. Tendo em vista tal problemática, o presente trabalho dedica-se a investigar possíveis causas da ocorrência de evasão em cursos EAD. Para tentar minimizar esta realidade, torna-se necessário investigar e elicitar os fatores mais estreitamente relacionados com o desempenho acadêmico do estudante de EAD e, em particular, com casos de evasão. A partir de tais investigações, torna-se possível delinear um conjunto de estratégias pedagógicas capazes de motivar a participação do estudante em cursos de EAD, o que virá, consequentemente, a incentivar a sua permanência nos mesmos, reduzindo as altas taxas de evasão encontradas nesta modalidade de ensino.
Além da investigação a partir de referências de outros trabalhos sobre o mesmo tema, foi desenvolvido um estudo usando dados derivados das atividades em um curso a distância para formação de professores em serviço. Este estudo e a pesquisa realizada visaram a diagnosticar as causas da evasão e buscar indicadores que possibilitem identificar precocemente situações que contribuam para a sua ocorrência. A análise dos registros das atividades no curso também avaliou as estratégias de comunicação mediada por computador buscando detectar indícios de risco de evasão, bem como identificar fatores relevantes que levam a tal situação.
A metodologia adotada nesta pesquisa buscou avaliar o comportamento observável derivado da participação de alunos e tutores no uso da ferramenta fórum. O curso visava a oferecer formação continuada para capacitar professores da educação básica no uso das Mídias em atividades pedagógicas. O curso teve duração de oito meses, sendo o fórum a principal ferramenta de interação entre tutores e estudantes. Inicialmente o estudo buscou validar alguns indicadores de desempenho propostos por Araújo e Lucena (2005) e que descrevem índices originalmente propostos por Losada (1999) para uso na avaliação de desempenho de equipes de alta performance: os Tipos de Interação (TI), representam o sentido ou direção das interações no fórum, horizontal ou vertical. A participação horizontal é aquela dirigida de aluno para aluno, de aluno para todos e do professor para todos os alunos; os Tipos de Participação e Comunicação (TPC): A) o aluno não contribui para a discussão em pauta, B) somente responde a alguma pergunta do professor, C) resposta questionadora com dilemas, alternativas e solicita posicionamentos, D) debate, comenta contribuições anteriores com propriedade, responde questionamento de colegas, contra-argumenta, E) a contribuição é sintetizadora onde ajusta, adapta e elabora parecer conclusivo. O indicador TPC é obtido dividindo a soma do totais de participações to tipo C,D,E pela soma das participações to tipo A,B. Neste índice, espera-se que quanto maior o TPC, maior será a construção do conhecimento pois são as contribuições do tipo C, D e E que evidenciam indícios de pensamento crítico; e a Taxa entre Manifestações Positivas e Negativas (P/N), o indicador P/N é definido pela relação entre manifestações que evidenciam Positividade (P) e as que evidenciam negatividade (N). Como positivas são consideradas frases ou orações com características como saudação inicial ou final, sugestões para correções de problemas, respostas, contribuições, perguntas com ações positivas, otimismo, elogios e sinais de aprendizagem com a ferramenta. Como negativas são consideradas frases ou orações relacionadas a ações negativas, problemas sem vontade ou possibilidade de resolvê-los, pessimismo, juízos negativos, cinismo, desconhecimento da participação anterior do colega. Buscou-se identificar dentre estes indicadores situações que permitissem detectar estilos de participação característicos de alunos com maior probabilidade de evasão. O curso iniciou com 235 alunos. Deste total, 107 não concluíram, resultando uma taxa de evasão de 47%. Com os alunos que desistiram do curso foi feito contato por telefone e e-mail para identificar os motivos que levaram à evasão.
A partir dos dados levantados foi possível concluir que a taxa de postagens por aluno pode ser usada como indicador para predizer a probabilidade de evasão, pois na maioria das turmas constatou-se elevada correlação tanto entre o total de postagens e a evasão quanto entre o total de postagens significativas e a evasão. Dessa forma, a quantidade de contribuições, seja do tipo significativa ou não, pode servir como um indicador precoce de probabilidade de evasão. Ou seja, os alunos que não contribuem no fórum são os mais propensos à evasão e um trabalho remediador, de atenção especial por parte do tutor ou mesmo pela coordenação do curso deve ser realizado com vistas a realinhar o aluno para uma direção diferente daquela que leva ao abandono do curso. O aluno que percebe a atenção da equipe na sua atuação sente-se mais motivado a priorizar o curso frente às múltiplas ocupações que demandam seu tempo. As questões sócio afetivas têm profundo impacto no desempenho acadêmico conforme descrito por Fredrickson (1998) cujo trabalho serviu de base para os índices propostos por Losada (1999).
Cabe salientar que na investigação de outros fatores que pudessem influenciar o desempenho das turmas, com taxa de evasão mais alta e mais baixa foi analisado o eventual impacto das condições econômicas da região. Porém, constatou-se que a renda per capita no município de onde eram provenientes a maioria dos estudantes da turma com maior índice de evasão (64%) era 4 vezes a renda per capita do município que sediava a turma que teve a menor evasão ( 28%).
A relação entre as manifestações positivas e negativas (P/N) e a taxa de evasão mostram uma correlação negativa com valor de -0,166. Como em todas as turmas a relação P/N foi superior à 2,9013 (o valor definido como limiar por Losada), estes resultados nos permitem concluir que, uma vez superada a taxa crítica de positividade e negatividade, valores mais elevados na relação P/N não têm grande efeito correspondente na taxa de evasão.
Uma vez que a quantidade e a qualidade de postagens pelos alunos não mostrou ser um bom indicador para predizer a probabilidade de evasão foram então analisadas as postagens dos tutores. Os valores para a correlação entre total de postagens instigadoras foram maiores do que no caso de postagens em geral o que salienta a importância de que o tutor procure permear sua participação no fórum com questões instigadoras que incitem os alunos à reflexão e à participação ativa, conforme já foi também enfatizado por So & Brusch (2008) e por Mazzolini & Madison (2007). O estilo de participação do tutor tem grande influência não apenas no resultado em termos de aprendizagem como também contribui para reduzir a evasão. Quanto mais o tutor se fizer presente no fórum maior será a qualidade da aprendizagem e menor a taxa de evasão, percebendo-se neste estudo que a participação com questões instigadoras teve mais impacto na redução da evasão do que de outros tipos de participação.
Artículo completo: Mezzari, A.; Rockenbach Tarouco, L. M.; Gorziza Avila, B.; Ribas Machado, G.;Maria Favero, R. V.; Marli Bulegon, A. (2013). Estratégias para detecção precoce de propensão à evasão. RIED. Revista Iberoamericana de Educación a Distancia, volumen 16, nº 2. [en línea] Disponible en: http://ried.utpl.edu.ec/?q=es/node/787
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