viernes, 13 de octubre de 2017

As dimensões da avaliação em cursos online: reflexões e importância


Adriana Aparecida de Lima Terçariol
Universidade Nove de Julho, UNINOVE/SP (Brasil)

Elisangela Aparecida Bulla Ikeshoji
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – Câmpus Birigui

Jeong Cir Deborah Zaduski
Ana Lucia Farão Carneiro Siqueira
Fernanda Sutkus de Oliveira Mello
Universidade do Oeste Paulista, UNOESTE/SP (Brasil)

(este trabajo es un resumen del artículo del mismo nombre y realizado por sus autores, especialmente para el Blog CUED) El artículo original puede localizarse en este enlace


INTRODUÇÃO

O apoio legal sobre o processo de avaliação encontra respaldo na Lei 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (Brasil, 1996). No item V do Art. 24,  referente à educação básica, a Lei estabelece que “a avaliação deve ser contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais”.
Portanto, a avaliação contínua em Educação a Distância (EaD), segundo Laguardia, Casanova e Machado (2010, p. 120), deve ser “[...] integrada à gestão educacional que seja capaz de apontar os limites das estratégias pedagógicas e recursos midiáticos utilizados em distintos grupos de estudantes, com vistas a subsidiar a sua reformulação e adequação às novas demandas que surgem”, de modo que os processos possam ser melhorados, tanto durante, como, posteriormente.
Nessa perspectiva, este estudo apresenta como principal objetivo descrever e analisar as dimensões da avaliação em cursos online, especialmente, àqueles implementados em Instituições de Ensino Superior (IES).

PERCURSO METODOLÓGICO

O percurso escolhido para desenvolver este artigo se pautou em estudos de revisão bibliográfica sistemática, na base de dados Scielo, contou também com apoio de trabalhos realizados por estudiosos sobre o tema, e as experiências vivenciadas no cotidiano de trabalho das pesquisadoras. A escolha por este tipo de pesquisa se deu em função de proporcionar aos pesquisadores o contato com os conhecimentos já produzidos na área.
Realizou-se o levantamento de publicações científicas, produzidas no Brasil, entre 2006 a 2015, que discutem a questão da avaliação, nas suas dimensões de ensino e aprendizagem; material didático; infraestrutura tecnológica e avaliação institucional, em cursos online.
A escolha deste espaço temporal se justifica, pois a partir de 2006 entrou em vigor uma nova regulamentação para os cursos na modalidade a distância determinada pelo Ministério da Educação – MEC. O Decreto n. 5.622, de 19 de dezembro de 2005 (Brasil, 2005), estabeleceu o reconhecimento no sistema oficial de ensino dos cursos ofertados nesta modalidade por Instituições credenciadas pelo MEC.
O descritor escolhido “cursos online” na base Scielo disponibilizou 33 artigos sendo 8 artigos selecionados para um estudo mais aprofundado, pois o resumo apresentava um viés próximo do objetivo desta pesquisa.

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E/OU RECUPERAÇÃO: PROCESSO CONTÍNUO

A ausência física do professor não retira o papel deste de mediador no processo de ensino e de aprendizagem, tanto que esta é uma tarefa fundamental, embora difícil e crucial, em se tratando de educação em modelo não presencial (Funo; Elstermann; Souza, 2015).
Para Abreu-e-Lima e Alves (2011) a autonomia do estudante em EaD é algo que pode ser conseguido quando se proporciona diálogos de qualidade entre professor e estudante, assim como entre os próprios estudantes. Daí a importância do professor em se atentar ao que Funo; Elstermann; Souza (2015, p. 34) aborda sobre “habilidade do aprendiz de realizar tarefas de modo independente [...] e desempenhar com a ajuda de um parceiro que exerça o papel de especialista e lhe ofereça alguma forma de suporte”.
É importante que no decorrer de todo o processo de avaliação, que deve ser contínuo e constante, o professor não se esqueça da “escada de feedback” traduzida por Abreu-e-Lima e Alves (2011) que abrange: Esclarecer; Valorizar; Questionar e Sugerir.
Sendo assim, entende-se que a proposta de avaliação para a modalidade a distância na IES, deve ser baseada no princípio de que deve ser levado em consideração o ritmo do estudante, assim como no desenvolvimento do aprendiz (Funo; Elstermann; Souza, 2015, p. 34).
O feedback pode propiciar essa segurança no decorrer do processo de ensino e aprendizagem. Em sendo um elemento essencial na educação a distância, segundo dados da pesquisa desenvolvida por Abreu-e-Lima e Alves (2011), com 154 tutores em formação da Universidade Aberta Brasileira (UAB), sendo 85% deles com mestrado e doutorado, ainda é um elemento que precisa ser melhor valorizado. Desses tutores em formação, 47,6% declaram que só reconheceram a importância do feedback, após o curso de formação para tutores, proporcionado pela UAB.                

AVALIAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO: PROCESSO CONTÍNUO

Ruiz e Cordero (1997) destacam as preocupações que devem existir na elaboração de material didático para a EaD, considerando, principalmente, a dialogicidade dos textos e a utilização de elementos audiovisuais que favoreçam o processo de ensino-aprendizagem. De acordo com os autores, outro aspecto a ser considerado é a importância do contexto na elaboração de material didático para a modalidade a distância.
Segundo Santos (2001, p. 114), “as tecnologias digitais vêm superando e transformando os modos e processos de produção e socialização de uma variada gama de saberes”.
Neder (2003) diz que a educação a distância é uma modalidade de ensino que exige um processo de discussão permanente entre os sujeitos envolvidos.
É comum, as IES preverem nos projetos pedagógicos dos cursos, a serem ofertados em EaD, a depuração de todos os materiais, após a primeira oferta, caso haja necessidade, sendo para isso considerados os aspectos evidenciados por Fernandez (2009): a qualidade da linguagem adotada no material; a relevância do conteúdo tratado; a cuidadosa inclusão de atividades diversificadas, instigando a problematização e reflexão; a adequação na inserção dos elementos formais (ilustrações, a comunicação escrita e a programação visual); respeito à autoria.
Ressalta Rozenfeld (2013) que para uma melhor exploração das potencialidades das tecnologias é preciso buscar, na medida do possível, uma diversificação de mídias, ou seja, planejar atividades de áudio, de vídeo, de animação, com figuras.
Imagina a riqueza do que envolve o material didático e tudo que o envolve pode contribuir na formação dos estudantes de medicina, por exemplo? Na pesquisa realizada por Santos e Mercado (2010) discute-se nas aulas de telemedicina as possibilidades de utilizar os sistemas de informática para registrar as imagens de muitos exames que podem ser feitos online e a distância, assim como a emissão de laudos e das imagens radiológicas, a distância. Além disso, é abordada no estudo realizado por esses autores, a forma de arquivamento e comunicação, que deve respeitar algumas normas e regras.
           
AVALIAÇÃO DA INFRAESTRUTURA TECNOLÓGICA: PROCESSO CONTÍNUO

Em se tratando do pleno funcionamento da infraestrutura tecnológica adotada para a viabilização dos cursos na modalidade a distância, as instituições precisam contar com o apoio de diversos profissionais que integram uma equipe multidisciplinar, sendo alguns pertencentes à equipe do departamento de Tecnologia da Informação (TI), cujos profissionais desenvolvem processos de avaliação e revisão, periódicos e continuados, da infraestrutura de tecnologia disponível na sede da IES e respectivos polos, quando é o caso.
Segundo Kurose (2006) é possível identificar as seguintes propriedades desejáveis de comunicação segura: confidencialidade, autenticação, integridade e não-repudiação de mensagem, que vêm sendo considerados há bastante tempo componentes fundamentais da comunicação segura e a mais recente é a disponibilidade e controle de acesso.
A convergência dos equipamentos e a integração entre materiais impressos e online, acrescida da mediação dos professores, concorrem para que se criem ambientes de aprendizagem enriquecedores e flexíveis. Tanto que as diversas articulações que ocorre entre ensino e tecnologias, sua proximidade, ou melhor inter-relação, parece não demarcar e fazer distinção entre eles (Miranda, 2014; Oliveira, 2010).

AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: PROCESSO CONTÍNUO

Esse processo avaliativo interessa à IES, porque a instituição tem como meta superar seus próprios limites e alcançar novos estágios de eficiência.
Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP, 2015) a Avaliação Institucional, divide-se em autoavaliação e avaliação externa. A autoavaliação é coordenada por uma Comissão Própria de Avaliação (CPA), constituída por cada instituição, seguindo as diretrizes e roteiro da autoavaliação institucional da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES) que é o órgão colegiado de coordenação e supervisão do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, instituído pela Lei nº 10.861, de 14 de Abril de 2004 (Brasil, 2004). Já a avaliação externa é realizada por comissões designadas pelo INEP e tem como referência os padrões de qualidade para a educação superior expressos nos instrumentos de avaliação e os relatórios das autoavaliações.

Articulação da Autoavaliação do Curso com a Autoavaliação Institucional


A CPA de uma IES constitui-se em órgão colegiado com atribuições de condução dos processos de avaliação internos da instituição, de sistematização e de prestação das informações solicitadas pelos órgãos de regulação da educação superior (MEC, INEP e CONAES), todas previstas no “caput” do artigo 11 da Lei 10.861/2004 (Brasil, 2004).
Sendo um órgão de atuação autônoma em relação à administração superior da IES, em respeito ao artigo 11, inciso II, da Lei 10.861/2004 (Brasil, 2004), com membros eleitos pelos seus pares, conforme seu próprio regimento. Trata-se de um processo com caráter diagnóstico, em constante aperfeiçoamento e que busca, de forma participativa, por meio do envolvimento dos segmentos da comunidade acadêmica, analisar as potencialidades e fragilidades apresentadas por cada setor da IES, de maneira que seja possível valorizar os aspectos positivos e agir com eficácia diante das situações indesejáveis que, por ventura, possam ser detectadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, o estudo desenvolvido aponta que é fundamental que se compreenda que os cursos na modalidade à distância que se desenvolvem de forma exclusivamente online, apresentam um caráter diferenciado e pelos desafios que enfrentam, devem ser, após sua concepção e criação, acompanhados e avaliados, em todos os seus aspectos, de forma sistemática, contínua e abrangente, por todos os envolvidos nesse processo.

1.                       
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abreu-e-Lima, D. M de; Alves, M. N. (2011). O feedback e sua importância no processo de tutoria a distância. Pro-Posições, Campinas, 22 (2), 189-205. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73072011000200013

Brasil. Ministério da Educação e Cultura. (2005). Decreto 5.622 de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5622.htm.

Brasil. Ministério da Educação e Cultura. (2004). Lei 10.861 de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.861.htm.

Brasil. Ministério da Educação e Cultura. (1996). Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L9394.htm.

Fernandez, C.T. (2009). Os métodos de preparação de material impresso para EaD. En F. M. Litto, M. Formiga, (Orgs.), Educação a distância: o estado da arte (395-402). São Paulo: Pearson Education do Brasil.

Funo, L. B. A.; Elstermann, Anna-Katharina; Souza, M. G. de. (2015). Fóruns no ambiente Teleduc: reflexões sobre o papel dos mediadores e estratégias de gerenciamento de debates. Rev. bras. linguist. apl.,  Belo Horizonte,  15 (1), 31-59. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1984-639820156120 

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP. (2015). Disponível em: http://portal.inep.gov.br/superior-avaliacao_institucional.

Laguardia, J; Casanova, A.; Machado, R. (2010). A experiência de aprendizagem on-line em um curso de qualificação profissional em saúde. Trab. educ. saúde, Rio de Janeiro, 8 (1), 97-122. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1981-77462010000100006 

Kurose, J. F. (2006). Redes de Computadores e a Internet: uma abordagem top-dow. São Paulo: Pearson Addison Wesley.

Miranda, F. D. S. S. (2014). Integração das tecnologias digitais da informação e comunicação em contextos educacionais: análise de três momentos de um curso oficial de formação de professores. Trab. linguist. apl., Campinas, 53 (1), 55-77. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-18132014000100004

Neder, L. (2003). Curso de Extensão em Elaboração de Material Didático Impresso. Ceará. Universidade Estadual do Ceará. (Notícia). Disponível em: http://www.necad.uece.br/tudoaler/noticias/noticia4.htm.

Oliveira, G. P. de. (2010). Estratégias multidimensionais para a avaliação da aprendizagem em cursos on-line. Ensaio: aval.pol.públ.Educ., Rio de Janeiro, 18 (66), 105-138. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-40362010000100007 
Rozenfeld, C. C. F. (2013). Planejamento de cursos online para professores de alemão: parâmetros em mapa conceitual. Pandaemonium ger., São Paulo, 16 (22), 279-303. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1982-88372013000200014 

Ruiz, T. B.; Cordero, J. M. (1997). Guia para el diseño, elaboración y evaluación de material escrito. Brasília/ Madrid: UnB/ Uned. Apostila para o Curso de Especialização em Educação Continuada e à Distância da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, 1997/1998.

Santos, A. N. ; Mercado, L. P. L. (2010).  Arquivamento e comunicação de imagens radiológicas na formação médica online. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro, 34 (4), 525-534. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0100-55022010000400007

Santos, M. (2001). Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 5. ed. Rio de Janeiro: Record.

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